EMBRIOLOGIA

NOTA: Nesta secção não se pretende efectuar uma abordagem exaustiva, mas apenas fazer sobressair os pontos essenciais da embriologia associada à formação do andar supramesocólico. O objectivo fundamental é que se possa dessa forma compreender a disposição geral dos orgãos no andar supramesocólico.

 

MUDANÇAS DE DISPOSIÇÃO DOS ORGÃOS EM CORTE TRANSVERSAL (para animação: passar rato sobre a imagem)

(a mesma mudança de disposição em esquemas)

 

ESTÔMAGO

   Durante a 4ª semana do desenvolvimento embrionário o estômago vai aparecer como uma dilatação fusiforme do intestino anterior. O que acontece depois, resumidamente, é uma aumento dessa dilatação e o mais importante, processos de rotação. Primeiro, o estômago sofre uma rotação de 90º, no sentido dos ponteiros do relógio, em torno do seu eixo longitudinal. A parede que era posterior cresce mais rapidamente e vai dar origem à grande curvatura.

   Estando o estômago unido à parede dorsal pelo mesogastro dorsal, este vai ser traccionado para a esquerda condicionando um espaço, a cavidade posterior dos epiploons. O estômago sofre depois uma rotação (que se pode ver no vídeo abaixo) no sentido horário em torno de um eixo ântero-posterior, dando ao estômago a inclinação que lhe é característica. 

   Devido a esta rotação o mesogastro vai crescer para baixo contribuindo para a formação do grande epíploon (como se pode ver no vídeo abaixo). 

   Quanto ao mesogastro ventral, que une o estômago à parede ventral, vai estar na origem tanto do ligamento falciforme como do pequeno epíploon.

 

BAÇO

   Durante a 5ª semana, o primórdio do baço aparece como uma proliferação mesodérmica entre os dois folhetos do mesogastro dorsal, quando este está a sofrer a tracção para a esquerda, em virtude das rotações do estômago. Essa mesma rotação acaba por levar a um aumento de comprimento do mesogastro, à sua deslocação para a esquerda, levando-o a fundir-se com o peritoneu da parede abdominal posterior. O folheto posterior deste mesogastro vem a degenerar, e o baço liga-se à parede na região do rim esquerdo, através do ligamento lienorrenal e ao estômago pelo ligamento gastrolienal. Ganha assim a posição que mais tarde virá a manter.

   A primeira imagem desta página, referente às mudanças de disposição dos orgãos, é esclarecedora desta formação e deslocamento do baço.

 

DUODENO

   O duodeno vai-se formar a partir da porção terminal do intestino anterior e da porção cefálica do intestino médio, sendo que esta união se encontra numa posição imediatamente distal face ao broto hepático. A rotação do estômago vai condicionar a rotação para a direita da ansa duodenal (que tem a forma de um "C"). Essa rotação e o rápido crescimento da cabeça do pâncreas levam à mudança da situação inicial do duodeno. Em vez de mediano, passa para o lado esquerdo da cavidade. O quadro duodeno-pancreático é pressionado contra a parede dorsal do corpo pelo peritoneu tomando uma posição retroperitoneal, uma vez que o mesoduodeno dorsal também se funde com o peritoneu parietal, desaparecendo. A única excepção é a porção junto do piloro, em que o duodeno permanece intraperitoneal. 

 

PÂNCREAS

    Este orgão vai ter origem em dois divertículos, derivados do revestimento endodérmico do duodeno - o divertículo pancreático dorsal (situado no mesentério dorsal) e o divertículo pancreático ventral (situado próximo do ducto biliar). A rotação do duodeno desloca o divertículo ventral em direcção dorsal, e este vai por último colocar-se imediatamente abaixo e atrás do divertículo dorsal. Mais tarde os sistemas de canais no interior dos dois divertículos fundem-se e o pâncreas torna-se único. Do divertículo ventral resulta o chamado pequeno pâncreas ou gancho do pâncreas e do divertículo dorsal a restante porção do pâncreas.

 

FÍGADO E VESÍCULA BILIAR

    O fígado tem origem (cerca da 3ª semana) num divertículo endodérmico da extremidade distal do intestino anterior, que toma o nome de divertículo hepático. As células que formam este divertículo proliferam atravessando o septo transverso (placa de mesoderme entre a cavidade pericárdica e o pedículo vitelínico), acabando por se formar o ducto biliar, resultante do estreitamento da ligação do divertículo ao intestino anterior. Uma pequena evaginação deste ducto vai originar a vesícula biliar e o canal cístico. As células hepáticas vão proliferando e formando o orgão que se vai situar na cavidade abdominal. Mas a superfície cefálica (a mais elevada) do fígado permanece em contacto com o septo transverso, e no futuro estará directamente em contacto com o diafragma (que deriva do septo transverso) formando a chamada área nua do fígado.

 

 

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