LOCA SUBFRÉNICA DIREITA

Delimitação da loca subfrénica direita numa perspectiva ântero-posterior (esq.) e num corte transversal (dir.) 

 

Esta figura (à esquerda) dá-nos uma ideia geral dos grandes orgãos mais próximos da  parede anterior do tronco.

Como se pode ver a situação do fígado (ing: liver) no abdómen não está restrita a uma determinada loca. No entanto, a loca subfrénica direita ou hepática, é a loca maioritariamente ocupada pelo fígado. Além deste, situam-se nesta loca estruturas anatómicas que se relacionam mais ou menos directamente com o fígado.

 

 

 

 

LIMITES DA LOCA

    De uma maneira geral a loca subfrénica direita (cuja projecção na parede abdominal anterior se designa de hipocôndrio direito) é limitada:

 

CONTEÚDO DA LOCA

 

FÍGADO

    O fígado vai-se moldar sobre as paredes da loca acima, atrás, adiante e para fora. Para dentro vai-se continuar pela região celíaca, enquanto que para baixo se vai moldar às vísceras infrajacentes.

    No caso concreto da loca subfrénica direita, importa apenas referir o lobo direito do fígado, uma vez que os restantes lobos são pertencentes a outras regiões.

    A figura da esquerda mostra-nos o fígado durante uma cirurgia, sendo possível observar a sua face ântero-superior.

    A figura que se segue abaixo permite-nos ter uma perspectiva dessa mesma face ântero-superior, bem como da situação do lobo direito do fígado, situado à direita da inserção do ligamento falciforme sobre esta face.

 

 

Visão anterior do fígado                                                                     

                                                                                                        

    A projecção do fígado ao nível da parede abdominal anterior e da coluna vertebral ficam bem patentes na imagem da esquerda.

    Assim, observamos que, de uma maneira geral, o ponto mais alto (ou culminante) da face ântero-superior do fígado se eleva à altura da 9ª vértebra torácica, estando relacionado, através do diafragma, com a pleura diafragmáica e com a base do pulmão direito. 

    À esquerda desse ponto, a face ântero-superior do fíagado possui uma depressão resultante da relação através do diafragma com a face inferior do coração. Essa depressão toma por isso o nome de depressão cardíaca.

    Para a direita desse ponto, podemos definir uma vertente direita da face ântero-superior do fígado que, na maioria dos casos, está na sua totalidade na profundidade da grelha costal (no segmento que se estende da 8ª à 12ª costela), numa altura de cerca de 5 ou 6 centímetros. 

    Entre a grelha costal e o fígado está o fundo-de-saco pleural costo diafragmático direito, estando os folhetos parietal e visceral desta serosa aplicados entre si, impedindo a descida do pulmão abaixo do nível da oitava costela. O diafragma interpõe-se entre pleura e fígado.

    A face inferior do fígado aplica-se sobre as vísceras situadas abaixo das mesmas, recobrindo fundamentalmente as suas porções supramesocólicas. De referir que entre outros orgãos, a face inferior do fígado recobre a face anterior do pólo superior do rim direito e a cápsula suprarrenal direita. Tanto assim é que estes orgãos imprimem, na face inferior e no bordo póstero-inferior do fígado, depressões geralmente bem visíveis.

    No entanto, estes orgãos não são descritos no andar supramesocólicos pelo facto importante de serem retroperitoneais

    Também a veia cava inferior se dispõe de forma semelhante, ou seja, também é retroperitoneal sendo a sua face anterior atapetada junto da face posterior do fígado pelo folheto inferior do ligamento coronário . A veia cava determina no entanto uma depressão na face posterior do fígado, que continua a direcção que a fosseta cística tem na face inferior do mesmo orgão. 

    Os restantes orgãos que se relacionam com o lobo direito da face inferior do fígado irão ser agora individualmente referidos. A imagem que se segue é bastante útil na compreensão da disposição dos orgãos infra-hepáticos na loca subfrénica direita, uma vez que é referente às face posterior e inferior do fígado, conjunto também designado de superfície visceral.

 

 

VESÍCULA BILIAR 

    A vesícula biliar (ing: gallbladder) vai estar situada na loca subfrénica direita do andarsupramesocólico, estando aplicada contra a parede inferior do fígado. A vesícula biliar tem fundamentalmente três porções: o fundo, o corpo e o colo.

    O fundo é a porção mais alargada, situado na extremidade anterior. Como podemos observar nas várias imagens do fígado, o bordo anterior deste orgão é escavado de uma chanfradura, que toma o nome de chanfradura cística, cuja projecção na parede abdominal anterior se situa na intersecção do rebordo condro-costal direito com o bordo externo do músculo grande recto do abdómen. 

    O corpo vai estar aplicado sobre a face inferior do fígado, escavando nesta a chamada fosseta cística. Esta depressão está situada entre a chanfradura cística do bordo anterior do fígado e a extremidade direita do hilo do fígado (porta hepatis na imagem acima). O colo situa-se entre o corpo e o canal cístico, mas esta estrutura será descrita na região celíaca onde se vai abrir no canal hepático.

 

DUODENO

    O duodeno tem uma forma aproximadamente quadrilátera, sendo constituído por quatro porções, com direcções diferentes. Dessas quatro, apenas a 1ª porção e o segmento superior da 2ª porção estão situadas no andar supramesocólico. 

    O segmento supramesocólico da 2ª porção do duodeno determina a existência da chamada impressão duodenal (duodenal impression na imagem) no lobo direito da face inferior do fígado. Esta impressão está situada imediatamente para fora da fosseta cística e para dentro da impressão renal, estando situada atrás e para dentro relativamente à impressão cólica.

    A imagem da superfície visceral do fígado possibilita uma melhor compreensão desta impressão.

 

CÓLON

    O cólon é um orgão fundamentalmente inframesocólico ao estar situado abaixo do mesocólon transverso. No entanto, o ângulo cólico direito ou hepático é por vezes referido na loca subfrénica direita em virtude da sua relação com a face inferior do fígado.

    A face inferior do fígado está escavada da denominada impressão cólica (colic impression na  imagem) situada adiante e abaixo da impressão renal, para fora da fosseta cística e para fora e para diante da impressão duodenal.

    O ângulo cólico direito está muitas vezes ligado ao diafragma que recobre interiormente a parede abdominal através do ligamento freno-cólico direito, também designado de sustentaculum hepatis.

 

    A imagem da esquerda é elucidativa da relação entre duodeno (seta amarela), cólon (seta azul), rim (seta vermelha) e fígado.

 

 

 

 

 

 

 

ESPAÇOS PERITONEAIS

    Na loca subfrénica direita os espaços peritoneais mais importantes são:

 

   Locas inter-hepato-frénicas

   Estão situadas entre a convexidade da face ântero-superior do fígado e o diafragma, constituindo um espaço de deslizamento. São em número de duas, uma direita e outra esquerda, sendo a direita a mais importante e mais bem definida. O ligamento falciforme isola completamente as locas entre si. A loca inter-hepato-frénica direita continua-se abaixo, depois de cruzar o ângulo hepático do cólon, com a goteira latero-cólica direita.

 

   Extremidade da loca infra-hepática

   A loca infra-hepática ou fossa infra-hepática está quase na sua totalidade na região celíaca. No entanto, está situada na loca subfrénica direita a sua extremidade direita pela qual a fossa se vai continuar com a goteira latero-cólica direita. 

  

    Locas inter-hepato-frénicas (azul) e ligamento falciforme (verde)

 

 

 

 

 

 

 

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